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quarta-feira, novembro 19, 2008

Olhar



Entrou e se sentou. Ele não suportava o calor, mas continuou alí, tentando descansar pra começar a andar de novo. Em certo tempo, por conta do cansaço, começou a cochilar e teve visões sem nexo. Muitas pessoas com quem ele tinha convivido estavam queimando em um tipo de deserto, como se o mundo estivesse se transformando naquilo. Continuou sem entender porque teve aquela bizarra imagem projetada em sua mente.
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Depois de repousar um pouco, continuou sua jornada(que nem ele sabia qual era) e foi andando pela rua e encontrando amigos, inimigos e pessoas sem muito impacto de vida. Após esse pequeno espaço de tempo, encontrou uma moça, de feição calmante e olhar marcante, a quem atribuiu um imenso afeto sem nem mesmo conhecer de fato. Ela não fazia a mínima idéia de que aquele rapaz de face serena e passos calmos era alguém que gostava tanto dela. Ele,como sempre, apenas observava e esperava a oportunidade de aproximação natural, mesmo que nos tempos de hoje tudo seja quase mecânico até nas conversas e demonstrações de sentimentos.
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Pensou e continuou a andar, mas o pensamento o perseguia. Não era como a maioria dos pensamentos que para onde passa, este caminhava nos mesmos passos dele, e isso o incomodava, pois era um mero observador, indisposto a convencionalizar todo tipo de relação humana. Ele queria mais, queria relações singulares, onde o reconhecimento mútuo fosse além da mera capacidade de lembrar.
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Teve um estalo na mente: - E se eu tentasse ser mais igual ao meu meio, me dariam mais aberturas? A resposta viera antes de alguma ação do garoto pensante. Em apenas instantes, vários olhares se cruzaram e todos ao redor se viraram para ele e exclamaram: - Realmente gosta dela, não? Ele sem ação, só teve uma resposta e a única palavra que pronunciara no dia: - Absolutamente.
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Logo após esse choque que levou, a moça disse diretamente ao rapaz com a cara mais perplexa imaginável: - E porque não faz nada?! Ele calmamente se aproximou, abraçou-a e a olhou fixamente nos olhos. Não precisou dizer nada, pois a íris já gesticulava a ação... A visão é tudo, e nada.

Um comentário:

Donna Bill disse...

pra dizer alguma coisa? beleuza...
PERFEITO!!!

xXx